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Responsabilidade Social
Caminhada alerta para a importância da denúncia nos casos de abusos de crianças e adolescentes
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21/05/2018
Com o objetivo de lembrar as centenas de meninos e meninas abusados e explorados sexualmente no Brasil todos os dias, mais de 400 pessoas, entre crianças e adolescentes assistidos por programas sociais e profissionais que atuam na defesa dos direitos infantojuvenis, participaram, em Foz do Iguaçu, da caminhada alusiva ao 18 de Maio, nesta sexta-feira. A data foi instituída como o “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”.
 
Durante o percurso de quase dois quilômetros, do 34º Batalhão de Infantaria Mecanizado até a Praça da Paz (Avenida JK), os participantes lembraram que, na maioria das vezes, o perigo está próximo e dentro de casa. Pesquisas revelam que mais de 70% dos abusos são cometidos por pessoas próximas das crianças, como pais, padrastos e conhecidos da família.
 
“Nosso foco é incentivar a denúncia. Precisamos ser a voz dessas crianças que sofrem caladas por medo de denunciar um amigo, padrasto ou o próprio pai”, disse Erika Davies, da Divisão de Iniciativas de Responsabilidade Social (RSIR.GB) da Itaipu, área responsável pelo Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA) da empresa.
 
Na Praça da Paz, foram distribuídos informativos da campanha “Faça Bonito – Proteja nossas Crianças e Adolescentes”, do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, cujo mote é “Esquecer é permitir. Lembrar é combater”. Também foram apresentados os serviços oferecidos no município para atender as vítimas e suas famílias.
 
As ações em Foz em alusão à campanha terminam no domingo (20), com a distribuição de materiais informativos na Feirinha da Avenida JK.  Antes, ao longo da semana, foram realizadas blitze educativas, rodas de conversas e palestras em diversas instituições da cidade.
 
“Essa é uma luta sem fim, que não pode ficar restrita a esta semana, deve permanecer todos os dias”, reforçou o organizador da campanha pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Gabriel Rugoni Machado.
 
As atividades foram organizadas pela Secretaria e pela Rede Proteger, formada por cerca de 40 instituições, incluindo a Itaipu Binacional.
 
Crime cruel
 
“Participamos dessa ação todos os anos com o objetivo de reafirmar o quanto esse crime é comum. Ao delatar um abusador, a pessoa poderá evitar que o próprio filho ou filha, irmão ou irmã, seja a próxima vítima”, disse o coordenador da Rede Proteger, padre Giuliano Inzis.
 
Assim como Inzis, Simone Afonso participa da atividade há vários anos. Hoje educadora do Centro de Atenção Integral ao Adolescente (Caia), ela conta que luta em defesa dos direitos infantojuvenis desde quando era uma das adolescentes atendidas pelo programa. “Muitas vezes, essas crianças se sentem sozinhas. Precisamos ajudá-las. É nossa obrigação denunciar e não podemos contribuir com a impunidade.”
 
“Uma caminhada como esta pode tocar e influenciar uma sociedade. Não podemos fingir a inexistência desse crime. Ele existe e está bem próximo”, reforçou o educador Alex Ferraz.
 
Em casa
 
Um relatório do Conselho Tutelar da Região Sul de Foz do Iguaçu revelou que mais de 70% dos casos de abusos contra meninos e meninas ocorrem dentro de casa e por pessoas do convívio diário. Os padrastos representam 13% dos abusadores, mas os pais e as mães não ficam de fora das estatísticas: eles representam 14% dos abusadores (7% pais e 7% mães).
 
Em Foz, os adolescentes de 12 e 15 anos representam o grupo com maior percentual de vítimas (48%). Em seguida, está a faixa dos 0 e 7 anos, com 24% das denúncias. Crianças de 8 a 12 anos representam 23% do universo de vítimas de estupros e abusos apurados pelo Conselho Tutelar da Região Sul.
 
18 de maio
 
A escolha da data é uma forma de lembrar à sociedade o caso Araceli Cabrera Sanches. No dia 18 de maio de 1973, Araceli, na época com oito anos, foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta. Três integrantes de uma tradicional família do Espírito Santo foram acusados e condenados, mas a condenação foi revogada por falta de provas. O crime comoveu o país na época, mas, 45 anos depois, ninguém cumpriu pena pela violência contra a menina.
 
Após uma forte mobilização, movimentos em defesa dos direitos de crianças e adolescentes conseguiram a aprovação de uma lei federal, em 2000, que instituiu o 18 de Maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Desde então, a sociedade civil promove atividades em todo o país para conscientizar a população e as autoridades sobre a gravidade do problema.
 
Não se cale, denuncie você também por meio do Disque 100. Ou entre em contato com o Nucria, pelo telefone (45) 3524-8565, ou com os Conselhos Tutelares de Foz do Iguaçu, pelos números (45) 99921-7576 e 99997-4114.