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Meio Ambiente
Ararinha-azul veio da Alemanha, fez quarentena em Foz e agora vai “se casar” em São Paulo
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14/03/2007

O alemão Ritchie, uma ararinha-azul nascida na Suíça, que viveu na Alemanha e é descendente de brasileiros, saiu anteontem do Refúgio Biológico Bela Vista, mantido pela Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu, para se encontrar, em São Paulo, com a brasileira Flô, para um relacionamento que deverá ser permanente e prolífico. Para o bem da própria espécie. 

 

A jovem ave (8 anos, para uma espécie que pode chegar aos 30) foi levada para conhecer sua futura parceira, Flô, em local que o Ibama prefere não identificar, já que as ararinhas-azuis não podem ser expostas ao público. Flô é tão nova que, no ano passado, pôs ovos pela primeira vez. Todos inférteis. É onde entra Ritchie: a expectativa é que seja um  "garanhão".

 

A importância de Ritchie e Flô pode ser medida pelos números que receberam: ele é 59, ela é 73, do total de apenas 75 ararinhas-azuis existentes no mundo, Flô é uma das mais recentes. As aves nasceram em cativeiro, de pais que também nunca souberam o que é a vida lá fora. No Brasil, com Ritchie, agora existem em cativeiro 8 ararinhas-azuis. E é só em cativeiro que as ararinhas-azuis existem. Na natureza, o último exemplar desapareceu em 2002. A espécie vivia na Bahia, numa área restrita da caatinga.

 

Anteontem, quando a bióloga A bióloga Yara de Melo Barros, da Coordenação de Proteção de Espécies da Fauna do Ibama, chegou ao Refúgio Biológico Bela Vista de Itaipu, Ritchie foi apresentado à imprensa. A ave passou 30 dias num recinto especial. A quarentena foi exigência do Ministério da Agricultura para permitir que a ave entrasse no Brasil, um cuidado necessário devido à gripe aviária (Influenza) e à virose New Castle.

 

O recinto de Itaipu foi o único no Brasil que reuniu as condições necessárias para a quarentena. Foi aprovado tanto pelo ministério quanto pelo criadouro alemão que cedeu Ritchie ao Brasil. 

 

Pudera: os cuidados incluíram uma geladeira exclusiva para guardar os alimentos da ave, esterilização de tudo o que entrava ou saía do recinto. E mais: toda vez que se aproximavam de Ritchie, o veterinário Wanderlei de Moraes, o biólogo Marcos José de Oliveira e a técnica Rosana Pinto de Almeida eram obrigados a trocar as roupas por macacões, botas e luvas.

 

Um macho velho que vive com Flô, agora noiva de Ritchie, perdeu o posto. Há tempos ele não atendia mais às necessidades do Programa de Reprodução em Cativeiro do Ibama. Mas o pobre macho não será abandonado. A intenção é fazer com que seja exposto ao público, no zoológico de São Paulo, para que as crianças conheçam uma espécie já extinta na natureza. E aprendam como é importante evitar que isso se repita.

 

A bióloga do Ibama elogiou Itaipu - e o Refúgio em particular - pelas condições do recinto onde ficou abrigado Ritchie, pelos cuidados da equipe do Refúgio com a ave e pelo nível excelente de toda o pessoal técnico. "Itaipu tem o melhor sítio ambiental para se fazer uma quarentena como essa", afirmou.

 

O diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich, também foi só elogios à equipe do Refúgio. E lembrou que, sem Itaipu para garantir a vinda da ave do exterior e sua ida para um zoológico no Brasil, todo o programa do Ibama estaria prejudicado.