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Meio Ambiente
Água Boa discute combate às mudanças climáticas
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22/11/2007

Discutir os impactos do aquecimento global e estratégias para minimizar as conseqüências das mudanças climáticas foi a tônica do segundo dia de programação do IV Cultivando Água Boa, evento que reúne comunidades dos 29 municípios que fazem parte da Bacia do Paraná 3, na Região Oeste do Estado.

 

O encontro conta com a participação de 3 mil pessoas e prossegue até sábado, no Centro de Convenções de Foz do Iguaçu. Nesta sexta-feira, o evento prossegue com a Conferência Regional do Meio Ambiente, a VI Feira Vida Orgânica e a V Mostra e Seminário de Educação Ambiental do Parque Nacional do Iguaçu.


A atriz Letícia Sabatella

 

Ontem, quinta-feira, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os resultados alcançados nesses quatro anos do programa Cultivando Água Boa, executado pela Itaipu Binacional com 1.700 instituições parceiras. Como principal iniciativa voltada ao meio ambiente na região, o programa se constitui em um conjunto de medidas locais para enfrentar o aquecimento global.

 


O cientista Paulo Nobre
Entre os resultados alcançados no período de 2003 a 2007 estão: plantio de 2 milhões árvores, implantação de corredores de biodiversidade ligando áreas de proteção ambiental, adequação de 272 quilômetros de estradas rurais, construção de 312 quilômetros de cercas de proteção da mata ciliar, formação de 255 educadores ambientais e implantação de comitês de gestão de todas as microbacias da região – os comitês são responsáveis pelo monitoramento da qualidade da água e limpeza dos rios.

 

Além de discutir os resultados alcançados e traçar novas metas, os conferencistas tiveram a oportunidade de assistir a palestras de ambientalistas de renome. Na opinião do meteorologista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aquecimento global é uma realidade atual, e não uma projeção para o futuro. O cientista, uma das maiores autoridades em estudos sobre o clima no país, apresentou diversos dados que comprovam essa afirmação: o crescente degelo dos pólos, a dessalinização dos oceanos e o aumento da intensidade dos fenômenos climáticos.

 

A contribuição do homem para esse processo fica evidente com a atividade industrial, a utilização desmedida de transportes movidos a combustíveis fósseis, a realização de queimadas e o crescimento da atividade pecuária, entre outros fatores. Tudo isso tem levado a uma contaminação crescente da atmosfera, que teve sua composição química alterada ao longo do último século. “A presença de gás carbônico praticamente dobrou de 1965 para cá e há indícios de que não estamos longe de atingir o triplo da quantidade desse gás que havia há 40 anos”, afirmou.

 

Nobre abordou a importância da conservação das florestas e dos mares, que são os grandes dissipadores do adicional de temperatura provocado pelo homem. Nesse sentido, as matas prestam um serviço inestimável para a humanidade, dissipando calor e contribuindo para a presença de vapor d’água na atmosfera.

 

Para ele, o Brasil tem uma grande oportunidade para se tornar uma potência ambiental, mas não vem perseguindo esse objetivo. As florestas são um manancial quase inesgotável de tecnologias que a Natureza gestou ao longo de milhões de anos. Mas o desmatamento desenfreado põe literalmente por terra qualquer possibilidade de acesso a esses conhecimentos. 

 

Além da conservação ambiental, mudanças de hábitos e de atitudes entraram no debate por meio das palestras do frei Leonardo Boff, conferencista e autor de mais de 70 livros, e da atriz e ativista ambiental Letícia Sabatella. 

 

A saída, na opinião de Boff, está na mudança de hábitos: viver sem a voracidade consumista e de acumulação de bens, usar meios de transporte não poluentes, cuidar para que todos tenham acesso a água pura, buscar meios energéticos alternativos, reciclar o lixo, diminuir o deslocamento das mercadorias, dando prioridade ao que é de produção local, entre outras medidas. “É um estilo de vida mais simples, que exige alguns sacrifícios, mas só assim poderemos reverter o quadro atual”, afirmou.

 

Já Letícia alertou  para a necessidade de cessar a degradação social e ambiental por meio da educação. “Precisamos de uma mudança cultural centrada na responsabilidade individual. Só é possível mudar o mundo se cada um tomar para si a tarefa de viver de forma integrada ao meio ambiente. A educação ambiental é fundamental para que possamos vencer o desafio da sustentabilidade”.