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Tecnologia
3ª Latinoware discute em Foz do Iguaçu a difusão do software livre na América Latina
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16/11/2006

Começou nesta manhã de quinta-feira (16), em Foz do Iguaçu (PR), a 3ª Conferência Latino-Americana de Software Livre (Latinoware 2006). Promovido pela Itaipu Binacional e pela Companhia de Informática do Paraná (Celepar), o evento reúne cerca de 1.400 especialistas e estudantes do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Venezuela, além de contar com palestrantes desses países e dos Estados Unidos, da França e da Finlândia. A abertura contou com a presença do diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek, do diretor-presidente da Celepar, Marcos Mazoni, do secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santana, do prefeito de Foz do Iguaçu, Paulo McDonald, e do reitor da Unioeste, Alcebíades Luiz Orlando.

 

Considerado o segundo maior evento de software livre da América do Sul, a Latinoware vai promover, entre hoje e amanhã, 80 palestras, 11 mini-cursos e uma exposição de projetos, com uma programação que vai das 9 horas às 21 horas, no Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). O objetivo do evento é mostrar os avanços do software livre no mundo e, principalmente, nas empresas governamentais envolvidas na organização. A maior parte dos programas desenvolvidos por essas empresas está disponível na internet para download e livre distribuição.“O software livre é uma ferramenta que vem para democratizar o acesso ao conhecimento”, declarou o diretor Jorge Samek.

 

Softwares livres são programas de computador que têm seus códigos abertos, ou seja, permitem que seus usuários conheçam a forma como foram programados, promovam alterações para adaptar o software a suas necessidades e passem essas implementações adiante, através de uma rede global de colaboradores. Com dois anos de implementação desse tipo de programa, Itaipu já economizou US$ 2,1 milhões que deixaram de ser pagos em licenças de softwares proprietários.

 

Hoje, segundo a superintendente de Informática Marli Portela, 26 serviços da hidrelétrica funcionam com software livre. Entre eles estão o controle da operação da usina, o gerenciamento de redes e de impressão, o correio eletrônico corporativo (a empresa usa o Click, desenvolvido pela Celepar), o geoprocessamento voltado à gestão ambiental de bacias hidrográficas (desenvolvido no PTI e que resultou na economia de R$ 1 milhão referente à licença de um software proprietário similar), e a segurança da barragem (ainda em desenvolvimento). “Temos 70% dos nossos servidores rodando com Linux (sistema operacional que concorre com o Windows, da Microsoft)”, disse Marli.

 

Na adoção de softwares livres por Itaipu, o PTI tem desempenhado um papel fundamental, já que empresas de base tecnólogica que estão incubadas no parque desenvolveram soluções livres voltadas a sistemas de automação, geoprocessamento e gestão empresarial, entre outras. Para o diretor do PTI, Juan Carlos Sotuyo, a principal vantagem desse tipo de sistema está no incentivo ao trabalho colaborativo e com compromisso social. “O software livre faz parte de um movimento libertário, de autonomia tecnológica”, afirmou.

 

Expansão

 

O crescimento do software livre no mundo pode ser comprovado pela adoção desse tipo de programa em grandes organizações privadas, como Bolsa de Valores de Nova Iorque, Renault, Carrefour e Ferrari. Além disso, programas de código aberto como o Apache (provedor de páginas de internet) e o Mozila (navegador de internet) detêm, respectivamente, 66% e 25% do mercado mundial. No Brasil, a tendência tem se firmado graças ao apoio de governos. No Paraná, desde o início de 2003 até julho deste ano, a economia com licenças de software chegou a R$ 127 milhões. “Mas essa não é a principal vantagem”, disse Mazoni, da Celepar. “O que mais interessa é o domínio da tecnologia que permite, por exemplo, que todo o sistema de banco de dados e de internet do Detran/PR rodem em software livre”.

 

Segundo Mazoni, o Brasil é hoje o maior produtor no mundo de páginas da internet integralmente desenvolvidas com programas livres. Somente o governo do Paraná contribui com 33 mil páginas. No âmbito do governo federal, o sistema de compras pela internet, o programa de governo eletrônico e iniciativas ligadas ao gerenciamento de bancos de dados incorporaram o emprego de softwares abertos. Santana, do Ministério do Planejamento, informou que o Cacique, um programa livre de gerenciamento do ambiente computacional desenvolvido pelo governo brasileiro, já conta hoje com uma rede de 6 mil usuários em oito países. “E estamos dando início a um programa que tem como objetivo fornecer um computador por criança, em todo o sistema público de ensino, e a idéia é que os softwares sejam todos livres”, garantiu.